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É preciso debater o tema suicídio para evitá-lo

Por Imprensa (sexta-feira, 30/09/2016)
Atualizado em 30 de setembro de 2016

Setembro é o mês da conscientização e prevenção ao suicídio. Para fechar o mês, o Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas (Sindpol) ressalta a importância da campanha Setembro Amarelo, que alerta a população sobre a realidade do Brasil, que é oitavo país em número de suicídios. Em 2012, foram registradas 11.821 mortes, cerca de 30 por dia, sendo 9.198 homens e 2.623 mulheres, dados da Organização Mundial de Saúde. O levantamento diz ainda que a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio.

A Organização Mundial de Saúde define o suicídio como uma violência do tipo auto infligida, isto é, uma espécie de violência que a pessoa inflige a si mesma. Essa definição abrange o comportamento suicida e a agressão auto infligida.
Cuidado com o estresse

Existem poucos estudos que tratam da temática do suicídio na polícia. O vice-presidente do Sindpol, psicólogo Edeilto Gomes, ressalta que a profissão de policiais civis é uma das mais estressantes do mundo. “O policial precisa recorrer as alternativas para reduzir o estresse e o adoecimento”, informa.

De acordo com o dirigente, o policial está sujeito a uma pressão que o leva a essas possibilidades por não ver uma forma justa e equilibrada para resolver os seus problemas. “O policial inicia sua carreira com a ilusão de resolver os problemas do mundo e se esquece de sua vida e da sua família. Ao longo do tempo, o profissional descobre que se esqueceu de cuidar da própria vida e de seu familiar, passando a sofrer com isso, vindo a ser vítima de problema de saúde, depressão e doenças”.

De acordo com ele, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) através do Código Brasileira de Ocupações, nº 0423, trata da ocupação de Delegado de Polícia com enfrentamento de tiroteio e trabalho sobre estresse.

Suicídio na polícia

Na pesquisa realizada pelo Grupo de Estudo e Pesquisa em Suicídio e Prevenção, da Uerj, com policiais militares do Rio de Janeiro, mostraram que dos 58 óbitos por suicídio de policiais militares da ativa, entre os anos de 1995 e 2009, três deles aconteceram em serviço e 55 nos dias de folga.

Os profissionais de saúde da Polícia Militar sugerem que muitos dos casos de suicídios consumados e tentativas de suicídio não são informados ao setor responsável por inúmeras razões. Entre elas, estão as questões socioculturais – o tabu em torno do fenômeno; a proteção ao familiar da vítima (a preservação do direito ao seguro de vida) e a existência de preconceito ao policial militar diagnosticado com problemas emocionais e psiquiátricos”, afirma o livro Por que policiais se matam (veja livro: http://gepesp.org/wp-content/uploads/2016/03/POR-QUE-POLICIAIS-SE-MATAM.pdf), publicado neste ano.

Com base nos dados, os pesquisadores concluíram que o risco relativo de morte de policiais por suicídio foi quase quatro vezes superior ao da população geral. Esses fatores incluem: rotina de agressões verbais e físicas (perseguições/amedrontamento, abuso de autoridade, xingamentos, insultos, humilhações); insatisfação, no que concerne a escala de trabalho, infraestrutura, treinamento, falta de reconhecimento profissional, falta de oportunidades de ascensão na carreira e desvalorização pela sociedade; indicadores de depressão variados e problemas de saúde física.
Prevenção

Diversos fatores podem impedir a detecção precoce e, consequentemente, a prevenção do suicídio. O estigma e o tabu relacionados ao assunto são aspectos importantes. Durante séculos da história, por razões religiosas, morais e culturais o suicídio foi considerado um grande “pecado”, talvez o pior deles. Por essa razão, as pessoas têm medo e vergonha de falar abertamente sobre esse problema de saúde pública. Um tabu, arraigado em uma cultura, que não desaparecerá sem o esforço. Tal tabu, assim como a dificuldade em buscar ajuda, a falta de conhecimento e de atenção sobre o assunto e a ideia errônea de que o comportamento suicida não é um evento frequente que condiciona barreiras para a prevenção. Lutar contra esse tabu é fundamental para que a prevenção seja bem-sucedida.

O suicídio é visto atualmente como um transtorno psicossocial de causas múltiplas, em que fatores biológicos, psíquicos, sociais e culturais interagem de forma complexa, aproximando ou afastando as pessoas do abismo psíquico. A doença mental não tratada está presente na maioria dos casos, principalmente na forma de depressão e de transtorno bipolar.

A tese de doutorado da psicóloga Blanca Guevara Werlang, da PUC/RS, defende que há fatores que podem proteger contra a tentação de abreviar a vida, como os vínculos afetivos bem cultivados, o bom relacionamento com a família, ter filhos, ter uma crença espiritual, uma condição financeira estável e realização profissional.

Convênio Psicólogo

O vice-presidente do Sindpol, Edeilto Gomes, ressalta que o convênio da Polícia Civil com o Curso de Psicologia do Centro Universitário Cesmac é o primeiro passo para o tratamento da saúde mental dos policiais civis, mas o mais importante é instituição de um Departamento Psicossocial dentro da Polícia Civil.

O convênio com o Cesmac oferece atendimento aos policiais civis e seus parentes duas vezes por semana, nas terças e quartas-feiras, das 9 às 12 horas, na sede da Academia de Polícia (Apocal).
Para agendar, é preciso entrar em contato com a psicóloga da PC/AL Aline Damasceno pelo celular: 82 98829-0459.

suicidio

 

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