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3º dia do Curso sobre Procedimentos Humanizados: Mulheres em Situação de Violência

Por Imprensa (quarta-feira, 23/08/2017)
Atualizado em 23 de agosto de 2017

O Curso sobre Procedimentos Humanizados: Mulheres em Situação de Violência, teve continuidade nos dias 15 e 17 de Agosto, com as turmas 1 e 2.

No período da manhã, estiveram presentes as advogadas Drª Paula Lopes e Drª Kandysse Melo do Escritório da Mulher, primeiro escritório do Estado especialista no atendimento à mulher, bem como a psicóloga Regina Mota que faz parte do Programa de Violência à Pessoa Vítima de Violência Sexual da Maternidade Escola Santa Mônica.

A advogada Paula Lopes iniciou a apresentação abordando que a violência não é um processo natural, mas é resultado do desequilíbrio das nossas relações sociais, econômicas e políticas. Além disso, enfatizou que o agressor não tem um perfil específico, nem estereótipo e muitas vezes possui uma relação íntima com a vítima. Ressaltou ainda os diversos tipos que violência, tais como: a violência física, psicológica, de gênero, intrafamiliar, sexual, moral, obstetrícia, dentre outras.

De forma bastante ilustrativa apresentou ainda dois vídeos, o primeiro “Hoje recebi flores”, que retrata o ciclo da agressão de forma contínua e um comercial de cerveja enfatizado o quanto a figura da mulher é sexualizada.

Dando continuidade à apresentação a Dra Kandysse abordou a temática da prevenção, numa perspectiva de orientação aos servidores presentes, visto a importância de um atendimento adequado à vítima de violência, além disso, ressaltou a importância do sigilo das informações e o preenchimento adequado na hora do atendimento.

Um Agente de Polícia Civil, lotado na DDM falou das questões estruturais e falta de treinamento de alguns servidores enquanto dificuldade para um bom atendimento e então questionou como executar uma boa prestação de serviço, se o profissional não tem uma boa condição de trabalho?

A psicóloga Regina Mota expôs de forma bastante rica a contextualização da violência sexual, evidenciando que infelizmente o estupro ainda é visto de forma cultural em determinadas sociedades. Ressaltou ainda que existe no Estado um serviço de atenção especializada às mulheres em situação de violência sexual, instalado na Maternidade Escola Santa Mônica, que é o Programa de atenção à Pessoa Vítima de Violência Sexual que faz parte do Sistema único de Saúde e integra as redes intersetoriais de enfrentamento da violência e tem como função preservar a vida, além de ofertar atenção integral em saúde e fomentar o cuidado em rede.

O serviço conta com equipe multidisciplinar, composta de médicos, enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos, de forma sigilosa e individual/familiar, buscando lidar com os agravos, prevenir as sequelas e garantir o direito à cidadania. Esse serviço funciona 24 horas e todos os dias da semana com acolhimento e classificação de risco, não havendo a necessidade de apresentar Boletim de Ocorrência.

Ao final de sua apresentação evidenciou os desafios e as reflexões da atuação profissional, diante da situação real e simbólica dos atos de violência que milhares de mulheres enfrentam diariamente e por fim colocou como questionamento: será que estamos oferecendo um atendimento verdadeiramente qualificado?

Já nas tardes desses mesmos dias, os profissionais da segurança pública tiveram a oportunidade de ouvir a Major Denice Santiago, criadora da Ronda Maria da Penha do estado da Bahia, palestra riquíssima que se iniciou com a frase de Simone de Beauveir “Não se nasce mulher, torna-se!”, enfocando assim a importância do gênero mulher na sociedade.

De forma bastante esclarecedora enfocou a lei 11.340/06 Lei Maria da Pena como uma forma de enfrentamento a esse problema social, histórico e cultural que acomete as mulheres vítimas de violência.

A policial e também mestra em Desenvolvimento territorial e gestão social pela UFBA, explicou que a Ronda Maria da Penha monitora as mulheres encaminhadas pelo Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, quando as mesmas adquirem a Medida Protetiva. Tais vítimas preenchem questionários que traçam o perfil socioeconômico das mesmas e do agressor e assinam um termo de consentimento e de atividade que promovem ao longo da assistência o diálogo e a partilha de suas experiências.

A equipe conta com policiais da área de Psicologia, Serviço Social e do Direito, dessa forma a equipe multidisciplinar busca trabalhar na perspectiva de prevenção, instrução e educação não apenas da vítima, mas também do agressor.

Durante a apresentação vários casos de atendimentos foram citados, dentre eles o de um rapaz que residia em um assentamento e somente através das cirandas promovidas pela ronda se deu conta do perfil de agressor que o acometia.

A Major Denice demonstrou ainda grande satisfação ao falar do reconhecimento de suas assistidas, onde algumas apadrinharam o grupo como “Salvadoras de Maria”, que segundo ela trás grande motivação à equipe, que arrisca sua vida para salvar a delas. Ela finalizou com a seguinte frase: “combater é o mais fácil, eu quero é que as mil e tantas mulheres assistidas não sofram crime de novo, isso é o difícil.”

As tardes dos dias 15 e 17 de agosto foram encerradas com a Palestra da Superintendente de Políticas para Mulheres da SEMUDH, a Advogada Anne Caroline Fideles, que fez uma leitura dos dados compilados na pesquisa realizada com os alunos do Curso. Nesse recorte foi possível reconhecer que a violência é uma constante na vida dos profissionais da segurança pública também, pois além de declararem que são machistas e que consideram que o Brasil é um país machista, alguns homens expuseram casos de violência contra a mulher que observaram ao longo da vida pessoal e laboral, tendo as mulheres ido mais longe, quando revelaram de forma anônima, diversos casos de violência de gênero que sofreram ao longo da vida pessoal e principalmente no trabalho.

A superintendente destacou ainda em sua fala a Rede de Enfrentamento de Violência contra as Mulheres e a Rede de Atendimento Especializado, onde explicou a definição distinta de ambas e ainda destacou os contatos de todos os entes que fazem parte das mesmas. Assim dispôs o link: https://goo.gl/VWUNYa e o e-mail supermulher.al@hotmail.com para acesso ao material apresentado.

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